INSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS CRIMINAIS

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Boletim - 300 - Novembro/2017





 

Coordenador chefe:

Fernando Gardinali Caetano Dias

Coordenadores adjuntos:

Daniel Paulo Fontana Bragagnollo, Danilo Dias Ticami e Roberto Portugal de Biazi

Conselho Editorial

Editorial

300 meses de sucesso

Existem alguns trabalhos para os quais o melhor elogio que se pode fazer é dizer que seu fruto sequer é percebido. Sinal de que o trabalho está sendo bem elaborado, e que o produto, que alcançou sua finalidade, incorporou-se ao cotidiano do destinatário. 

Mas o editorial de um boletim com a redonda cifra de Edição nº 300 seria omisso se não viesse a revelar um pouco desse trabalho intenso, que se materializa nestas páginas discretas, porém precisas, muitas vezes contundentes e essenciais.

As primeiras edições eram feitas por alguns poucos voluntários, que se encarregavam de várias tarefas. A primeira edição contemplava tão somente 4 páginas. Tinha alguns poucos artigos de 10 a 15 linhas, muitas notícias da criação do Instituto, uma conclamação à participação de todos em um box, em matéria assinada pelo presidente, e um manifesto contra a pena de morte do lado direito da capa, área nobre de qualquer periódico. Na realidade, tal manifesto tinha sua razão de ser, pois o IBCCRIM nasceu exatamente da insurgência humanista contra o Massacre do Carandiru, episódio que recém ocorrera e que foi a razão mais próxima da criação da entidade.

Alguns detalhes prosaicos podem ser lembrados. Um dos oito responsáveis pelo Boletim, dr. Antonio Carlos Franco, era também o responsável por diagramá-lo. Os artigos eram remetidos a ele com uma semana de antecedência; e ele montava as três colunas das páginas internas (duas na capa, para acentuar o destaque das matérias principais) quase que de forma manual. Sua ausência, decorrente de férias ou viagem, sempre significava um pequeno atraso, a não ser que os artigos originais lhe fossem entregues com mais antecedência. Como havia uma dúvida da necessidade ou não de se ter um jornalista responsável, um amigo de alguém da diretoria figurou muitos anos como formalmente encarregado da confecção do Boletim. Os jornalistas responsáveis eram mudados com o transcorrer dos tempos e não foram poucos; e sempre agiam conforme a necessidade do momento. Tais amadorismos bem denotam as muitas fases evolutivas do Instituto e de nosso principal órgão: o Boletim. Detalhe: não havia propriamente um conselho editorial. Publicavam-se os artigos que fossem solicitados a pessoas determinadas e só aqueles escritos por encomenda. Muito tempo se passou até que alguém pudesse querer publicar no Boletim, pois o meio impresso já era representativo das ciências criminais.

Passados tantos anos, lançamos todos esses predicativos com a consciência limpa de que não nos falta modéstia, porque não elogiamos apenas a um corpo atual de dirigentes e redatores: lançamos esta reflexão diretamente a um conjunto de pessoas que trabalharam por décadas, em tantas equipes formadas, com perfil humano mais diferenciado, além de todos os associados que escreveram, criticaram e patrocinaram esta obra em andamento.

Os desafios do Boletim do IBCCRIM, nestas 300 edições, foram imensos, porque demandaram uma capacidade de adaptação ímpar, para compreender novas necessidades e objetivos. Em seu início, as informações forenses eram fidedignas, porém raras e inacessíveis. Nosso primeiro desafio era levar ao associado as informações da contemporaneidade, as notícias jurídicas, a jurisprudência e a reflexão mais rara aos lugares mais isolados: o advogado distante, o gabinete do juiz, a mesa do estudante. Tínhamos de ser o veículo mais veloz, porque o profissional não podia aguardar a publicação de um livro, ou a lenta edição de uma revista oficial de jurisprudência. Ademais, estas contavam com um processo de seleção, por assim dizer, pouco vinculado às necessidades de nossos associados.

Os tempos mudaram, e os boletins de mera informação perderam a razão de ser. A internet, que abriu um mundo aos artigos de perspectiva crítica, antes sequer publicados, e os buscadores, que descortinam a jurisprudência dos tribunais nos mais diversos repositórios, estão à velocidade de um clique.

Isso só fez nosso trabalho mais desafiador: na era da pós-verdade, o trabalho da equipe de editores e redatores potencializou seu sentido: checar fontes, conceder uma linha coesa à publicação, prever o que será interessante a um leitor que já fora bombardeado com a imediaticidade dos meios digitais. E, claro, dialogar com elas, para não perder atualidade.

Como a bailarina que sorri quando seus músculos estão mais tensos, para que não se lhe note o esforço, nós nos alegramos todos ao ver que o Boletim chega ao número 300 sem necessariamente transparecer o esforço constante de dezenas de profissionais e colaboradores que permitem entregar aos leitores uma publicação tão discreta quanto essencial. 

Outra caraterística do Boletim do IBCCRIM que não podemos deixar de mencionar é sua capacidade de ouvir e dialogar; nestes 25 anos de existência, ouvimos — e publicamos — muita gente, especialmente nossos associados, de todas as regiões do Brasil, sejam eles estudantes, magistrados, advogados, professores, promotores, delegados, ministros, todos, sem qualquer exceção, encontraram no Boletim um canal de comunicação inequivocamente democrático.   

E a musculatura que nosso Boletim desenvolveu depois de 300 meses de trabalho duro é de causar inveja: uma tiragem mensal de 4.500 exemplares; uma ideia do que isso significa? O lançamento e as edições posteriores de muitos livros jurídicos de peso não têm tiragens dessa envergadura.

Parabéns a todos nós.



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