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Coordenador chefe:

Mariângela Gama de Magalhães Gomes

Andréa Cristina D’Angelo, Leopoldo Stefanno Leone Louveira, Luiz Felipe Azevedo Fagundes, Mar

Editorial

Seminário Internacional: Praça pública de diálogo

Entre os compromissos mais importantes e que dão razão de ser ao IBCCRIM está o de fomentar o debate e a pesquisa das ciências criminais. Dando consistência a esse compromisso fundamental, nosso Instituto está realizando, neste mês de outubro, em São Paulo, seu Seminário Internacional. Trata-se da décima-primeira edição desse evento anual que, aliás, já se inscreve no calendário acadêmico latino-americano como o grande encontro de professores, pesquisadores, estudantes e profissionais de humanidades, congregando as mais diversas áreas de pensamento. Unificando todos esses discursos, está o projeto complexo de tematizar e racionalizar, com aversão a qualquer sensacionalismo, o crime, seus sujeitos e a violência na vida em sociedade, fazendo-o, porém, sob a advertência dos postulados humanistas que sempre devem qualificar a aventura do conhecimento.

Vencida a primeira década de existência, nosso Seminário Internacional agora se consolida enquanto um grande espaço de encontro científico. Ao mesmo tempo, amadurece definitivamente enquanto uma estrutura profissional de organização. Neste ano, a mudança de seu local de realização — agora certamente mais espaçoso, multifuncional e confortável — vem coroar os esforços de uma equipe de mais de meia centena de profissionais de eventos, de diversas matizes, todos debruçados sobre o objetivo de dar realidade a uma vasta programação científica. São mais de sessenta pessoas entre palestrantes e painelistas, ao lado de número ainda maior de componentes de mesas, autoridades e personalidades especialmente convidados para os quatro dias do evento. Mas, sobretudo, são centenas e centenas de participantes inscritos para esta edição, vindos das mais diversas e longínquas localidades do Brasil e do estrangeiro para se integrarem, ainda que por esses poucos dias, a uma grande equipe formada para bem recepcioná-los. Portanto, somos todos, sem exceções e de modo indistinto, os realizadores coletivos deste 11º Seminário Internacional do IBCCRIM.

É certo que vivemos um tempo tecnológico que, às vezes, parece destruir espaços e distâncias. Todavia, o homem ainda não inventou uma máquina que substituísse o calor e a sinceridade do encontro direto das pessoas. Em um Brasil de dimensões assim gigantescas, a consolidação definitiva do Seminário Internacional do IBCCRIM descende dessa feliz necessidade que professores, pesquisadores, estudantes e profissionais das ciências criminais têm de trocar, diretamente e sem intermediações, suas experiências, projetos, caminhos, vivências e conhecimentos. Nosso Seminário Internacional não nasceu para ser um palco puramente expositivo das ciências criminais, mas, sim, uma autêntica praça pública de diálogo entre seus participantes que, ao menos uma vez por ano, se ilumina para abrigá-los.

Nesse sentido específico, o Seminário Internacional é o paradigma de um estatuto teórico sob cuja égide nasceu e engrandeceu-se o próprio IBCCRIM. Crime, criminalidade e violência social são temas por demais complexos para que se reduzam à perspectiva singular de uma ciência em específico, no silêncio de outras. Tão-somente o diálogo interdisciplinar que reúna — ainda que porventura para contradizer — sociólogos, antropólogos, juristas, cientistas políticos, filósofos, psicólogos, médicos e historiadores, pode ser capaz de confortar temáticas assim universais. O conhecimento, na contemporaneidade, certamente não se coaduna com o isolacionismo pretensamente acadêmico ainda aquartelado em alguns espaços universitários. Ao contrário, o conhecimento não tem como ser hoje construído senão por encontros, desencontros, choques, afirmações e negações, no roteiro de uma conversação (cum versus) permanente de perspectivas que, exatamente porque plurais e distintas, podem assim aventurar-se e, ao mesmo tempo, preservarem-se enquanto discursos e enquanto identidades.

Porém, por mais outro ponto o Seminário Internacional comporta parcela do espírito e da idealidade do nosso IBCCRIM. No desfecho de sua preparação, após dez meses de reuniões quase semanais para seu planejamento e execução; após exaustivas jornadas de dezenas de nossos funcionários e amigos; após o apoio companheiro de entidades parceiras, de empresas patrocinadoras e de escritórios colaboradores; após a aplicação engenhosa e criativa de tão variados profissionais, na abertura deste novo Seminário todos nos encontramos não apenas com aquela indisfarçável alegria do dever cumprido. Ainda mais que isso, nossa verdadeira alegria é a de testemunhar como todos nós — organizadores e participantes — somos peças certamente importantes de um trabalho verdadeiramente coletivo porque, afinal, marcado por um grande e justificado sentimento de equipe. Eis que essa, e não por mero acaso, tem sido também a história que nos conta o próprio IBCCRIM.