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No STF, Coordenador do IBCCRIM faz sustentação oral em Ação sobre condução coercitiva

Publicado em 08/06/2018

"Utilizada de maneira seletiva e episódica, condução coercitiva se transformou em instrumento de pressão", afirmou Maurício Dieter, Coordenador de Departamento do IBCCRIM

O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar na última quinta-feira, dia 07, as Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) n° 395 e n° 444, que discutem a condução coercitiva de pessoa investigada para participar de interrogatório. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) atua como amicus curiae na ADPF 395 e, na sessão, foi representado pelo advogado Maurício Dieter, Coordenador-chefe do Departamento de Amicus Curiae do Instituto, que realizou uma das sustentações orais defendendo a incompatibilidade das conduções coercitivas com preceitos fundamentais da Constituição. 

Nos memoriais entregues ao Ministro Gilmar Mendes, relator de ambas as Arguições, o IBCCRIM defende a garantia constitucional da não autoincriminação e afirma que a condução coercitiva avança para ferir, inclusive, o direito de permanecer em silêncio diante de acusação formal. Durante a sustentação, Dieter reiterou que o direito constitucional corre riscos frente às ameaças impostas pela prática das conduções coercitivas.

“[A condução coercitiva] passou a ser utilizada por alguns poucos juízes, de maneira seletiva e episódica, como instrumento de pressão para transformar cidadãos protegidos pela presunção de inocência em dóceis e úteis colaboradores”, afirmou, em sua sustentação. Dieter também argumentou que o direito constitucional de ficar em silêncio “é reduzido ao meramente simbólico, não sendo efetivamente garantido”.

Na manifestação apresentada ao Supremo, o IBCCRIM faz também referência à espetacularização midiática e afirma que a condução coercitiva aumenta a possibilidade de cerceamento de defesa. Ao concluir, o Instituto afirma que “a medida cria uma situação velada de intimidação”. 

Assim como o IBCCRIM, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e Associação dos Advogados de São Paulo também atuam como amicus curiae nas ações.

Sobre o caso

A ADPF 395 foi ajuizada para questionar o artigo 260 do Código de Processo Penal (CPP) e a prática judicial de determinar a condução coercitiva para realização de interrogatórios

Em dezembro de 2017, o Relator das Ações, Ministro Gilmar Mendes, concedeu pedido liminar, proibindo a condução coercitiva de pessoas investigadas. Na decisão, o Ministro afirmou que não existe obrigação legal de comparecer a interrogatório e ordenou a aplicação de responsabilização disciplinar, cível e criminal das autoridades que descumprirem a ordem. 

Na sessão de ontem (07), o Ministro Gilmar Mendes, apresentou seu voto reafirmando a decisão liminar. O julgamento foi suspenso e deve ser retomado no início da sessão da próxima quarta-feira (13).

* Com informações do Supremo Tribunal Federal


        


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