“Que a morte do Ricardo dê voz e visibilidade às demais vítimas da violência policial no País”

Nesta quarta, 19 de julho, na Praça da Sé, ao meio-dia, acontece a Missa de sétimo dia do catador Ricardo Silva Nascimento, conhecido como “Negão”, 39, morto no dia 13 de julho com dois disparos feitos por policiais militares em uma esquina movimentada da zona oeste de São Paulo (SP). O IBCCRIM estará presente, mas não só por Ricardo. Estará porque é preciso enfrentar a violência e a letalidade policial.

O Instituto apoia a intenção dos grupos e movimentos que estão organizando a Missa como um ato de resistência, ao afirmar o lema “que a morte do Ricardo dê voz e visibilidade às demais vítimas da violência policial no País”.

Pauta histórica

Não é de hoje que alguns noticiários e o próprio Instituto tentam pautar o tema da violência e da letalidade policial, ressoando uma demanda histórica de movimentos sociais e mesmo acadêmicos.

No final de junho, também na cidade de São Paulo, na Favela do Moinho, o jovem Leandro Souza Santos, 18, foi morto com cinco tiros, após uma perseguição policial na comunidade. No Rio de Janeiro, no início de julho, uma menina de 10 anos foi morta com um tiro na cabeça durante um tiroteio numa comunidade na Zona Norte da cidade. Foi a 5ª criança vítima de bala perdida no Rio neste ano.

Os três casos dizem respeito aos altos índices de violência e letalidade policial no Brasil, que o IBCCRIM, só em 2017, já abordou o assunto pelo menos cinco vezes:

1. Em 29 de junho, ao participar do programa “Direito e Globalização” da TV Aberta SP sobre combate à tortura, a Coordenadora-Chefe do Departamento de Justiça e Segurança Pública do Instituto, Dina Alves, relacionou denúncias de tortura a relatos concretos de homicídios realizados por policiais;
2. Em abril, a Revista Brasileira de Ciências Criminais (RBCCRIM) nº 130 lançou seu dossiê sobre letalidade policial, com artigos sobre desmilitarização da polícia, controle externo da atividade policial e papel do ministério público nesses casos, a publicação discorre sobre graves violações de direitos cometidas pela polícia no Brasil. O sumário foi lançado no site em 9 de junho: https://www.ibccrim.org.br/rbccrim
3. Dia 16 de maio, a propósito de importante notícia de decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, relembramos edição da Revista Liberdades de 2015, que publicou um artigo sobre as chacinas no Brasil após a abertura democrática: https://goo.gl/5IRa64
4. Em 31 de março, após circular nas redes sociais e na imprensa um vídeo de policiais militares atirando em dois homens feridos e desarmados no Rio de Janeiro, republicamos o editorial do Boletim do IBCCRIM do início do mesmo ano (5), que tratava do genocídio na periferia e a responsabilização do Estado: https://goo.gl/izHDmR

Notícias relacionadas:

13/07/2017 - Testemunhas dizem que foram agredidas e ameaçadas por PMs que mataram carroceiro em SP: https://goo.gl/11EYkX

06/07/2017 - Corpo de menina baleada com tiro na cabeça é enterrado no Rio: https://goo.gl/S5LxFQ

27/06/2017 - Morre jovem baleado em ação da Rota na Favela do Moinho: https://goo.gl/w4LEH9

15/05/17 - Condenado por corte internacional, Brasil terá de reabrir investigação e indenizar vítimas de chacinas: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39917565

20/04/17 - Onde e quem a PM de SP matou em 2017: https://ponte.org/onde-e-quem-a-pm-de-sp-matou-em-2017/

30/03/17 - Vídeo flagra policiais atirando em homens feridos e desarmados no Rio: https://goo.gl/10J9z3  (Atenção: contém imagens violentas)

Compareça:

Missa de sétimo dia de Ricardo Silva Nascimento (“Negão”)

Onde: Catedral da Sé, Praça da Sé, s/n, Centro, São Paulo, SP

Quando: 19 de julho, quarta-feira, 12h