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Policiais na administração de São Paulo

Publicado em 10/11/2010

Nos últimos dois anos, a Prefeitura da cidade de São Paulo vem adotando uma nova estratégia em sua administração: usar mão de obra oriunda da Polícia Militar (PM). De julho de 2008, época em que o primeiro coronel foi indicado para gerir uma das subprefeituras, até o mês de outubro de 2010, o número de policiais na máquina municipal cresceu rapidamente. Hoje, 14 das 31 subprefeituras estão sob responsabilidade de oficiais da reserva da PM.

Os oficiais indicados pela Prefeitura para a chefia dessas subprefeituras ocuparam alguns dos principais postos de comando da PM. Entre eles estão ex-comandantes dos bombeiros, um ex-chefe do Estado Maior, um ex-comandante da Academia do Barro Branco e ex-coronéis, entre os quais a primeira mulher a ser promovida a esse posto em São Paulo.

A PM não está apenas nas subprefeituras. Há oficiais trabalhando como chefes de gabinete (são o braço direito dos subprefeitos) ou em cargos de segundo escalão, nas coordenadorias de planejamento e desenvolvimento urbano ou de projetos e obras. Contando ainda com as secretarias da administração municipal, o número de policiais aposentados já chegou a 78, superando a quantidade de coronéis na ativa na PM de todo o Estado.

Essa estratégia da Prefeitura seria uma tentativa de diminuir a sensação de desordem e de melhorar a eficiência dos serviços de zeladoria. Cabem às subprefeituras a zeladoria, através de serviços como tapa-buraco e corte de vegetação. Supõe-se, então, que a primeira finalidade citada seria papel dos oficiais aposentados da PM que agora ocupam a administração. Mas será que é preciso colocar policiais no gerenciamento para se garantir a “ordem”?

O grupo fardado que compõe a chefia das subprefeituras ainda precisa se adaptar no exercício das novas funções, uma vez que precisam lidar diariamente com reclamações e demandas de ordem política da população. A nova realidade tem sido motivo de críticas por parte de moradores e associações locais, dadas as dificuldades para serem recebidos pelos oficiais e por certa falta de “jogo de cintura” dos mesmos para resolver os problemas colocados pela comunidade.

A pareceria entre a PM e a Prefeitura tem se estreitado bastante nos últimos tempos. Além de colocar oficiais na administração, a atual gestão criou recentemente um “bico oficial” e contratou 6280 integrantes da corporação. Trata-se de um programa criado por uma parceria entre os governos municipal e estadual, chamado de “Atividade Delegada”.

O referido programa visa ações de combate aos ambulantes e serviços de zeladoria também. Até agora, já trabalham para o governo municipal 300 homens da Tropa de Choque – incluindo pessoal das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, conhecidas por “Rota”. No centro de São Paulo houve um aumento do número de PMs circulando em 14 regiões, fato este que mudou o cenário de forma significante.

A população parece aprovar a presença constante dos PMs: "Nunca mais vi ninguém correr atrás de batedor de carteira na Sé. Esses PMs impõem respeito. Sumiram os "noias" que ficavam circulando atrás de mulheres e idosos com bolsas", conta Ronaldo Franchito, dono de uma farmácia de manipulação que fica quase na frente da praça, em declaração dada ao jornal O Estado de São Paulo. Outros lojistas e pedestres elogiaram o aumento de soldados nas vias da região central.

Os policiais também fazem rondas na região da Santa Ifigênia, Avenida Paulista e 25 de Março. Segundo a PM, a presença da corporação no mais famoso reduto de comércio popular do país, reduziu em 71% os furtos e em 59% os roubos a pedestres e comerciantes. Antes comum na região, o roubo de cargas foi reduzido em 100%. Parece que a estratégia tem dado certo no que diz respeito à questão da “segurança” e da “diminuição da sensação de desordem”, afinal, as pessoas gostam de ver a polícia dar mostras de seu serviço.

(EAH)


        


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